1944.047 – The Wedge (The Traders)
Primeira aparição: | Astounding Science Fiction, Outubro de 1944 |
Título em Português: | Os Comerciantes |
Publicado no Brasil: | Trilogia da Fundação (Aleph, 2019); Fundação (Aleph, 2020) |
Comentários: | Este conto foi escrito e publicado originalmente APÓS The Big and the Little (Merchant Princes) e, por isso mesmo, aparece aqui nessa ordem. Porém, quando as histórias que formam a série da Fundação foram compiladas em livro pela primeira vez, a ordem desses dois contos foi invertida com bom efeito. |
Resenha: Como explicado acima e também na resenha anterior, os contos The Big and the Little (Merchant Princes – Os Príncipes Mercadores) e The Wedge (The Traders – Os Comerciantes) tiveram a ordem de publicação invertida quando a compilação Fundação foi lançada. Como este blog se propõe a fazer uma leitura cronológica, no momento da releitura para esta resenha procurei me manter fiel à ordem em que foram escritos.
Me lembro claramente de não gostar muito deste conto quando o li pela primeira vez. Finalmente agora entendi o porquê. Repare, este foi um conto encomendado por Campbell, após a publicação de The Big and the Little, usando mais ou menos o seguinte argumento: “Asimov, meu caro, sabe esse ponto da história da Fundação que a gente está, esse lance dos comerciantes? Pô, me prepara um conto curto usando esse contexto e alguns desses personagens, que eu estou precisando tapar um buraco aqui, por favor?” — Aí o Asimov foi lá e assim fez. É o que hoje seria um Short Trek, para os fãs de “Jornada nas Estrelas” aqui presentes. Ou seja, o conto foi pensado e escrito para um leitor já familiarizado com aquele contexto e cenário específicos. Quando o leitor entra na história, na edição de outubro, ele está acompanhando um pequeno episódio passado no mesmo “universo” do conto que ele havia lido há pouco tempo na edição de agosto da mesma revista Astounding. Episódio que não move a história para frente, pois não é essa a intenção, porém contribui para o world building, ou criação de mundo, tão importante nas melhores obras de ficção de qualquer tipo.
Ao ler Os Comerciantes após Os Príncipes Mercadores, o conto enquanto obra individual me pareceu bem melhor, pois eu já cheguei com bagagem e não fiquei todo confuso com esse novo contexto mais avançado na História da Saga da Fundação e do qual nada sabemos ainda quando se lê na ordem apresentada no livro.
Vamos deixar claro que nenhuma obra de ficção precisa ser escrita na ordem direta, ou seja, na ordem estritamente cronológica dos fatos. Muitos autores brincam com a linha do tempo e nos jogam para frente e para trás com ótimo efeito dramático. Asimov e seu editor na Gnome Press, Martin Greenberg, parecem ter concordado que a ordem cronológica dos eventos não necessariamente criava a melhor sequência para a narrativa unificada da compilação que estavam preparando. “Os Comerciantes” introduz elementos importantes sobre a expansão comercial da Fundação, mas a ação e as tramas de poder em “Os Príncipes Mercadores” desenvolvem mais os conflitos entre os comerciantes e os sistemas externos. Ou seja, um trata mais do micro, o outro, do macro.
Em resumo: para ilustrar uma progressão natural de uma crescente influência política e econômica da Fundação e sua transformação de uma pequena força científica para uma potência galáctica, Asimov e Martin Greenberg decidiram inverter a ordem dos contos. Ao fazer isso, visavam manter uma continuidade na evolução das dinâmicas sociais e econômicas da história, além de criar uma progressão mais dramática entre os dois contos quando lidos em sequência no livro. Em minha opinião, o livro saiu ganhando, mas o conto, enquanto peça individual, saiu perdendo.
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