1941.033 – Not Final!
Primeira aparição: | Revista Astounding Science-Fiction, outubro de 1941, páginas 49-61. |
Título em Português: | Não É Definitivo! |
Publicação no Brasil: | Foi publicada no livro O Futuro Começou (1978 – Hemus) |
Comentários: | Após escrever o muito bem sucedido conto Nightfall (que terminou em 9 de abril de 1941), Asimov ficou um tempão (2 meses!) sem conseguir escrever nada devido às suas obrigações acadêmicas. Ele estava em um período difícil, estudando muito para alguns exames de aptidão, com o objetivo de chegar mais próximo ao Doutorado. Além disso, segundo as próprias palavras dele, as constantes e espetaculares vitórias de Adolf Hitler o estavam deixando muito desanimado. Somente no dia 24 de maio ele conseguiu voltar a escrever e, finalmente, submeter Not Final! para a revista Astounding. |
Resenha: Dentre os vários tipos de contos de Asimov, existe um que é, basicamente, o seguinte: pegue alguma premissa (ou conjunto de premissas científicas) e, utilizando a imaginação (sempre limitada às possibilidades científicas conhecidas e nunca recorrendo à soluções fantasiosas ou que não façam sentido dentro do conhecimento científico), extrapole-a de todas as formas possíveis.
Aqui, por exemplo, a premissa é: se existisse vida inteligente em Júpiter, sabendo o que sabíamos sobre o planeta na época, que tipo de vida poderia ser essa? E como se daria a interação entre eles e nós, duas formas de vida existindo em condições ambientais tão extremamente opostas? Quais seriam as barreiras a serem rompidas? Imaginar esse cenário e as possíveis soluções está no cerne desta história.
O problema é que Asimov, em vez de se concentrar no que importa, demora muito pra chegar aqui, e ainda nos “brinda” com personagens absolutamente esquecíveis e rasos. Foi difícil me concentrar na leitura, principalmente no início da história. Na minha humilde opinião, Asimov falha em criar o interesse do leitor e a gente só continua por pura insistência. Só lá pro meio da história, quando finalmente somos apresentados ao dilema, é que as coisas esquentam e ficam realmente interessantes.
Um conto é intrinsecamente diferente de um romance, obviamente. Em um romance o autor tem tempo de criar todo um universo (já que vamos passar muito tempo ali, melhor que seja um universo complexo e verossímil, certo?). No entanto, os melhores contos, já que tem pouco tempo e pouco espaço para contar uma história completa, são aqueles em que cada parágrafo, cada cena, cada linha de diálogo, possui um motivo claro para existir — seja para fazer avançar a história, seja para nos mostrar uma característica do personagem, seja para criar atmosfera, seja para transmitir uma emoção, etc. Ao meu ver, Asimov erra a mão nesse ponto, e demora muito para chegar na parte que interessa.
Porém, uma vez lá, nossos genes geeks e nerds começam todos a se coçar, pois o Bom Doutor começa a dissecar o assunto e nos apresentar um problema científico instigante e assustador. Gosto muito do final, pois ele não nos dá todas as respostas e ainda exige que usemos nossa massa cinzenta para extrapolar por nós mesmos o que está prestes a acontecer.
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