1941.036 – Foundation (The Encyclopedists)
Primeira aparição: | Astounding Science-Fiction, Maio de 1942. |
Título em Português: | Fundação (Os Enciclopedistas). |
Publicação no Brasil: | Fundação (Aleph, 2020) |
Comentários: | Pois bem. Chegamos em um ponto onde a História da Ficção-Científica começará a ser reescrita. Desejando produzir mais um conto histórico-futurista, Asimov foi visitar seu mentor e editor da revista Astounding Science-Fiction, J. Campbell. Após debaterem algumas ideias, Asimov saiu de lá com as linhas gerais do que seria não apenas um conto, mas uma série de histórias a respeito da queda do Primeiro Império Galáctico e a ascensão do Segundo, inspirado na ascensão e queda do império romano. O primeiro conto a ser escrito e publicado quase que imediatamente foi este aqui. Nos oito anos seguintes, Asimov teria escrito todas as 8 histórias que compõem a Trilogia da Fundação (que depois seria expandida, mas isso não é assunto para agora). |
Resenha: Elogiar o trabalho de Asimov com a trilogia original da Fundação é chover no molhado. Só para dar uma ideia, a obra ganhou em 1966 o Hugo (equivalente ao Oscar do cinema) de “Melhor Série de Todos os Tempos”, desbancando O Senhor dos Anéis, de Tolkien.
Ao meu ver, há duas formas de analisar este conto. A primeira é enquanto uma entidade separada e a segunda é enquanto parte de um todo maior chamado Fundação.
Ao sair do escritório de Campbell, Asimov tinha uma ingrata missão. Fincar a pedra fundamental de uma saga que deveria se estender por várias edições da Astounding. Se a primeira história fosse um porre, ninguém se interessaria em ler as subsequentes. Por outro lado, para que pudesse contar essa história que avança milhares e milhares de anos sem precisar ficar voltando atrás com flashbacks ou coisa do tipo, teria que construir uma base bem sólida, com colunas de sustentação que carregasse nas costas tudo o que viesse depois. Incrivelmente, o relativamente inexperiente Asimov consegue ser bem sucedido nas duas frentes.
No entanto, ao compilar o que viria a ser o romance Fundação, Asimov, já um pouco mais calejado, viu a oportunidade de melhorar o que já era bom. Livrou-se da apressada introdução que originalmente abria o conto e escreveu um capítulo inteiro que nos apresenta e nos insere magistralmente num mundo e num tempo muito, mas muito distante do nosso. É uma história excelente, mas iremos discuti-la mais a fundo quando chegar a época em que Asimov a escreveu em nossa cronologia de resenhas.
O fato é que, ao começarmos a ler Os Enciclopedistas com essa bagagem de informações, a experiência é, desde a primeira linha, muito melhor. Tudo o que é dito ressoa com o que testemunhamos antes, e o conto ganha novas cores, funcionando ainda melhor no contexto do livro, em vez de isolado.
Asimov fez pequenas alterações aqui e ali, e o resultado é que o conto realmente parece que foi escrito após a primeira parte, como consequência dela, e não ao contrário. A única coisa que pode saltar um pouco aos olhos – mas somente para o leitor mais assíduo do Bom Doutor – é a diferença de estilo. Mas mesmo essa característica foi minimizada pela revisão que ele fez no texto.
Na minha humilde opinião, se você está me acompanhando nessa leitura cronológica, sugiro deixar o purismo cronológico um pouco de lado e, neste momento, pegar o livro Fundação e ler desde o início (lembrando que a primeira parte foi escrita mais tarde em nossa linha do tempo) até chegar ao fim deste conto. Ler o original isoladamente só é interessante de um ponto de vista histórico ou para uma comparação estilística.
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